sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Experiencia de Prática Pedagógica Inclusiva

IFSP para tod@s
Atividade Avaliativa Módulo V – Práticas Pedagógicas Inclusivas

Experiência de prática pedagógica inclusiva

Professora Adriangela Bonetti
Escola Alexandre Bacchi (Guaporé – RS)

A experiência de prática pedagógica inclusiva descrita abaixo se refere à realizada pela professora Adriangela Bonetti, da Escola Alexandre Bacchi (Guaporé/RS). A partir das ferramentas que conheceu em um curso, ela pôde modificar sua prática pedagógica, o que lhe valeu um prêmio nacional e um convite para ser a coordenadora de educação inclusiva do município.
Em 2009, a professora foi designada para uma sala de aula do 2° ano do Ensino Fundamental com 26 estudantes. Dentre estes, havia crianças com deficiência e transtorno global de desenvolvimento (TGD). Adriangela já havia sido avisada por outros educadores da escola de que a turma era “difícil”, agitada e que havia dois estudantes com deficiências severas que precisavam de monitores dentro de sala de aula. Até então a escola não tinha um projeto coletivo para lidar com esses estudantes.
Leonardo, uma criança com 7 anos, possuía TGD. De acordo com a Instituição, a criança tinha dificuldades de se socializar, agredia os colegas e a si mesmo, era disperso, se levantava diversas vezes durante a aula e possuía comprometimento nas habilidades verbais. De acordo com Adriangela, ele oralizava bastante, mas não se fazia entender, e somente sua mãe e a monitora que o acompanhava em sala de aula haviam desenvolvido uma compreensão de sua fala.
Para montar seus planos de aula, Adriangela seguia alguns passos: buscava situar os educandos sobre o que aconteceria naquele dia, em especial quando havia um novo conteúdo a ser dado. Em seguida, relacionava aquele conteúdo com a vida dos estudantes, questionando o que eles já sabiam sobre o assunto e procurava modificar a estratégia de ensino durante uma mesma aula (discussões, trabalhos em grupo, vídeos e histórias, construção de história em sequência, aula expositiva, entre outras). A avalição da aprendizagem do dia era realizada por meio de exercícios também diversificados.
Ao longo do 1° bimestre, a professora enfrentou diversos desafios. A relação com a monitora não estava satisfatória, pois ela insistia em infantilizar os estudantes com deficiência com uma atitude superprotetora. Assim, ela também não auxiliava nas estratégias didáticas escolhidas por Adriangela, tornando-se uma interferência nas aulas.
Foi aí que Adriangela tomou a decisão de passar alguns intervalos com Leonardo. Dessa forma, ela ampliaria seu entendimento a respeito do menino e poderia construir uma forma de comunicação com ele. A professora percebia que a classe exigia sua atenção e se ela fizesse isso em sala de aula poderia prejudicar a turma. Acompanhando Leonardo nas refeições, começou a perceber a forma com que ele se expressava e, aos poucos, foi “absorvendo a forma como ele se comunicava”, de acordo com suas próprias palavras. No entanto, Adriangela sentia uma necessidade de poder se aprofundar no tema da educação inclusiva.
Naquele momento, O MEC ofereceu para o Rio Grande do Sul o Programa Educação Inclusiva: Direito à Diversidade. Nele, foram apresentadas algumas práticas, as quais foram levadas por Adriangela à direção da escola: alteração de paradigma em termos de visão do educando, de planejamento de aula, e do papel da avaliação. Mantendo a estrutura básica de seu planejamento de aula, Adriangela pôde complementá-lo com novas práticas voltadas à inclusão. Ela já trabalhava os conteúdos por meio de projetos e variando a didática, mas passou a levar em conta também o tempo de cada atividade.
Ao modificar as atividades durante uma mesma aula, ela facilitava a aprendizagem dos educandos com dificuldade de concentração, por exemplo. Sua avaliação também mudou e passou a ser diária, a partir das respostas que recebia dos estudantes. Para ampliar sua comunicação com eles, passou a tornar mais flexível o formato dessas respostas: para aqueles que já escreviam com certa fluência, pedia um texto estruturado; para os que escreviam apenas frases soltas ou palavras, era isso que ela pedia; para os alunos que ainda não escreviam, ela podia pedir um desenho ou um trabalho com massa de modelar; para os que tinham dificuldade nessas atividades, ela pedia o feedback de forma oral por meio, por exemplo, de uma história em sequência.
Seu foco passou a ser os processos de aprendizagem dos estudantes. Leonardo nunca sentava, no entanto, esse fato não passou a ser mais um problema, pois podia ser uma individualidade do estudante que precisava ser respeitada. O importante é que haja aprendizado e comunicação, segundo Adriangela.
Como forma de sistematizar as mudanças pelas quais havia passado, Adriangela resolveu relatar sua experiência e enviá-la para o Prêmio Experiências Educacionais Inclusivas, promovido pelo MEC. Com a vitória, Adriangela foi convidada a participar da Secretaria Municipal de Educação para que ela compusesse a Coordenação de Educação Inclusiva do Município. Assim, era a oportunidade de transformar seu crescimento pessoal em política de inclusão, algo mais abrangente.
 Fonte: diversa.org.br


#PraCegoVer
Descrição da imagem: Ilustração colorida em que há quatro crianças sorrindo, sendo estas, um menino utilizando óculos, um menino utilizando um aparelho auditivo, uma menina com uma bengala e um menino sentado em uma cadeira de rodas.

Texto: Como as aves, as pessoas são diferentes em seus vôos, mas iguais no direito de voar.


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Acessibilidade e Inclusão



#PraCegoVer
Descrição da imagem: Ilustração em que aparece o desenho do globo terrestre em azul e verde. Abaixo, há o desenho de quatro jovens sorrindo com roupas coloridas, sendo elas, um menino, um menino cadeirante, uma menina, e um menino com deficiência visual. Na frente do globo está escrito “Desafios na Inclusão”


Acessibilidade e Inclusão

Verifica-se que, cada vez mais, se discute sobre acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência. Tais conceitos encontram-se interligados e são muito importantes ao se levar em conta os direitos das pessoas com deficiência, bem como a qualidade de vida de toda a sociedade. Com a implementação de ambientes, meios de comunicação e equipamentos mais acessíveis, são beneficiadas tanto as pessoas com deficiência, que conseguirão mais independência/autonomia, como também toda a população, que desfrutará de um ambiente com menos obstáculos.
            Outro conceito importante que se encontra intimamente ligado ao de acessibilidade e inclusão é o de equidade, que faz referência ao reconhecimento das diferenças de necessidades entre as pessoas e a adequação de esforços conforme a diferença existente. Dessa maneira, para que as pessoas com deficiência possam viver de forma satisfatória, é fundamental que as suas necessidades específicas sejam supridas, a fim de se equiparar oportunidades e diminuir desvantagens em relação às pessoas sem deficiência.
No entanto, para que a inclusão das pessoas com deficiência seja realizada com sucesso é necessária uma efetiva mudança de olhar da sociedade para encararmos a deficiência como componente da diversidade humana, e não simplesmente como uma limitação de responsabilidade do próprio indivíduo, que deve ser curado. Assim, em decorrência da mudança de paradigma, as barreiras arquitetônicas, pedagógicas e atitudinais podem ser transpostas.
Cabe destacar que a acessibilidade se configura em um complexo conceito, que vai desde a realização de uma rampa de acesso adequada até uma postura coletiva de abertura para o diferente e de reconhecimento do outro ser humano enquanto sujeito de direitos. A inclusão das pessoas com deficiência, por sua vez, se relaciona com a efetivação dos direitos destas, sua visibilidade e sua real inserção na sociedade (ir e vir, acesso à escola, trabalho, meios de transporte, meio de comunicação, lazer).
Pode-se observar então que a acessibilidade viabiliza a inclusão, e que esta não é possível sem a existência daquela. Portanto, não há como pensarmos na inclusão das pessoas com deficiência sem que os espaços sejam acessíveis e sem que a sociedade respeite as normas e os direitos já instituídos desse público.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A pessoa com deficiência na minha história de vida

É um pouco difícil escrever sobre pessoas com deficiência na minha trajetória, pois nunca tive um contato mais estreito. Por isso, considero que a convivência com pessoas com deficiência permaneça mais no âmbito da minha imaginação do que da realidade: como será que é conviver com uma pessoa com deficiência? Nas minhas recordações me veem em mente duas pessoas. A primeira, um menino alguns anos mais novo, que estudava na mesma escola que eu durante o tempo em que cursei os Ensinos fundamentais e Médio. Era um estudante que possuía paralisia cerebral, e por isso, tinha os movimento bem limados e se locomovia por meio de uma cadeira de rodas. Lembro que ele era muito querido na escola. No entanto já veio a falecer há alguns anos. A outra pessoa da qual me recordo, também muito querida, era irmã de um colega de classe e tinha síndrome de down. Nessa época nunca parei para pensar sobre como se dava a inclusão dessas pessoas no contexto escolar, talvez porque esse assunto não era comentado como na atualidade, e a instituição de ensino também não abordava a temática. Considero que essa falta de contato prévia possa dificultar um pouco nos possíveis contatos que possam existir no futuro, pois sem a experiência, sobra espaço para preconcepções, estereótipos e expectativas. Quando estava na faculdade de psicologia, realizei estágio numa escola especializada para pessoas com necessidades especiais e cursei uma disciplina optativa de Libras, onde tive mais contato com pessoa surdas e mudas. Por isso, considero importante a convivência, desde cedo, com pessoas com diferentes necessidades. Só dessa maneira é possível realizar uma educação para a convivência/diversidade eficaz nas escolas. No meu último trabalho, como psicóloga na Secretaria de Assistencial Social de um município de pequeno porte do Estado de São Paulo, tive a oportunidade de ser membro do Conselho dos Direitos da Pessoa com Deficiência e participar de reuniões e eventos nos quais havia muita discussão sobre acessibilidade e inclusão.